sábado, 21 de abril de 2007

PAISAGENS


PAISAGENS





por Paulo da Vida Athos.









A noite

a grande noite dos miseráveis

corre lá fora.


É como numa viagem de trem

e a fome, pingente,

acompanhando pendurada à porta.

Da janela

um vislumbre de paisagem morta.


Cada homem representa um arbusto,

uma pedra calcinada e só,

surgindo no quadrado da janela

e, velozmente, sumindo.


Não há parada.

Não há desvio.

Não há luzes brilhando

nas chagas,

na estrada da grande multidão

sem nome.


O que existe é o descaso,

a inoperância dos sinais,

as paralelas

não respeitadas.


O que existe é a ausência

da lua dos direitos,

rotos roteiros dos sem rumo.


Vejo árvores na passagem,

de velhas, múltiplas rugas

no tronco, nas faces.


Olhos descrentes, inquisidores.


Galhos secos,

dedos em riste

apontando o céu,

acusando!


Incriminando a vastidão de terras,

...e a falta de mãos a cultivá-las!



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