sábado, 31 de maio de 2008

MILÍCIA SEQUESTRA E TORTURA JORNALISTAS NO RIO DE JANEIRO: BRASIL NUNCA MAIS?


Jornalistas são torturados por milicianos no Rio.


Equipe de 'O Dia' foi espancada por 7 horas na Zona Oeste.



RIO - Uma repórter, um fotógrafo e um motorista do jornal "O Dia" foram torturados por milicianos que dominam a Favela do Batan, em Realengo. A equipe, disfarçada, estava morando há duas semanas em um barraco na comunidade, preparando uma reportagem sobre o cotidiano de quem vive sob o domínio de uma milícia. Descobertos pelos bandidos, no último dia 14, os três foram torturados por sete horas e meia, com choques elétricos, socos e pontapés. A denuncia é manchete da edição deste domingo de "O Dia", que chegou na tarde deste sábado às bancas. A Secretaria de Segurança informou ter determinado a abertura de uma investigação para apurar o seqüestro e a tortura.

Durante o espancamento, a repórter chegou a ser submetida a uma "roleta-russa" e viu um marginal rodar o tambor do revólver e apertar por duas vezes o gatilho da arma, apontada em sua direção. Os milicianos, que tiveram o apoio de policiais militares, enfiaram ainda um saco plástico na cabeça da jornalista. Após serem torturados e terem o dinheiro e os equipamentos roubados, os três foram libertados às 4h30m na Avenida Brasil.


" Se usam de tamanha truculência com jornalistas, imagina o que fazem com pessoas humildes que moram na comunidade e não seguem as leis locais."

De acordo com a Secretaria de Segurança, o comandante da Polícia Militar, tenente-coronel Gilson Pitta, e o chefe de Polícia Civil, delegado Gilberto Ribeiro, já se reuniram para discutir o assunto. As investigações serão feitas pela Delegacia de Repressão às Ações do Crime Organizado e Inquéritos Especiais (Draco) e pela Corregedoria da Polícia Militar. Ainda segundo a Secretaria de Segurança, a Corregedoria Geral Unificada (CGU) também acompanhará as investigações devido à suspeita de participação de policiais.

Às margens da Avenida Brasil, a Favela do Batan estava sob o domínio de uma facção criminosa, até os traficantes serem expulsos pela milícia. A troca de comando provocou temor entre os moradores. De acordo com a reportagem do jornal "O Dia", os moradores se negaram a linchar a repórter, mesmo instigados pelos milicianos.

Levados para um barraco, a equipe foi forçada a entregar a senha de seus e-mails. Quando conferiram o material já enviado à redação, os milicianos redobraram os castigos. Textos e fotos mostravam viaturas circulando tranqüilamente pela comunidade, assim como policiais conversando com integrantes da quadrilha. Na sala em que os jornalistas foram espancados, havia coturnos e uma calça azul da farda da Polícia Militar.



Maior atentado à liberdade de informação desde o fim do regime militar.

Entidades da sociedade civil classificam a tortura à equipe do jornal "O Dia", na Favela do Batan, em Realengo, como o maior atentado à liberdade de informação desde o fim do regime militar.

Aziz Filho, secretário-geral do Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio, pede à sociedade que se solidarize com os profissionais envolvidos. Para ele, o fato será para as milícias o que a bomba do Riocentro foi para a ditadura:

- Vai ser uma bomba que vai estourar no colo deles e desmoralizar as milícias. Se usam de tamanha truculência com jornalistas, imagina o que elas fazem com pessoas humildes que moram na comunidade e não seguem as leis locais. A única solução é o estado garantir a segurança da sociedade.


"O que preocupa mais é a possibilidade de haver policiais envolvidos nesse banditismo."

Aziz anunciou que o sindicato convocará uma conferência para os profissionais de comunicação. Ele afirma que um caso deste de infiltração requer meses, ou até anos de treinamento no mundo todo. Para Aziz, nenhuma matéria ou prêmio jornalístico valem arriscar vidas, mas ressalta que ainda não sabe que tipo de medida de segurança foi adotada pelo jornal.

O presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, tem opinião semelhante a de Aziz. Ele afirma que o caso prova que as milícias são grupos formados por bandidos que cometem crimes e não têm o objetivo de ajudar às comunidades:

- O que preocupa mais é a possibilidade de haver policiais envolvidos nesse banditismo. É de se exigir que a Secretaria de Segurança e o governador venham a público esclarecer isso. É mais um caso que mostra o fracasso da política de segurança pública no Rio, que não enfrenta os focos de corrupção na polícia.

O presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Maurício Azêdo, definiu a tortura à equipe de reportagem como um episódio "infelizmente previsível".

- Como estes grupos criminosos agem de uma forma encoberta, há um apelo à repressão sempre que os meios de comunicação procuram esclarecer como funciona o mundo do crime - pondera. - Recebi a notícia com grande desconforto e preocupação. Os jornalistas se arriscam para satisfazer as necessidades de informação da sociedade. A equipe torturada cumpriu com coragem e firmeza a sua obrigação de informar.

Já o governo do estado do Rio divulgou nota de repúdio à tortura a que foram submetidos jornalistas.

"O governo do estado do Rio de Janeiro considera absolutamente intolerável o fato ocorrido com a reportagem de 'O Dia'. Logo que tomou conhecimento, o governador Sérgio Cabral determinou rigor máximo nas investigações. O governo do estado do Rio mantém firmes as suas permanentes ações de combate a todo e qualquer tipo de criminalidade, seja do tráfico de drogas a milícias armadas", diz a nota, que lembra que o governador também é jornalista:

"No que diz respeito a este caso, especificamente, é preciso fixar que a liberdade de expressão deve ser assegurada. A imprensa precisa - e deve - fazer o seu trabalho. Filho de jornalista, o também jornalista e governador Sérgio Cabral não apenas deseja, mas determinou que as investigações sejam rigorosas e tragam respostas o mais rapidamente possível - o que já é uma expectativa na Secretaria de Estado de Segurança Pública", conclui o texto.


Foto do monumento ‘Tortura Nunca Mais’, do arquiteto piauiense Demetrios Albuquerque.

Fonte

ONU: RIO DE JANEIRO, UMA POLÍTICA DE CHACINA


Relatório da ONU acusa autoridades fluminenses de incentivar violência policial.





SÃO PAULO - O documento preliminar sobre o Brasil elaborado pelo relator das Nações Unidas (ONU) de Execuções Sumárias, Philip Alston, alerta que as polícias do país estão intimamente ligadas às execuções e ao crime organizado, de acordo com reportagem publicada no jornal "O Globo". No texto, que será apresentado em Genebra na segunda-feira, Alston faz severas recomendações às autoridades brasileiras e pede amplas reformas no sistema de segurança nacional. Segundo Alston, a impunidade pelos cerca de 45 mil assassinatos anuais no Brasil é perturbadora. Ele cita que, no Rio de Janeiro e em São Paulo, apenas 10% dos homicídios chegam a ser julgados. Em Pernambuco, o índice cai para 3%.

Após receber críticas da Anistia Internacional esta semana, o governo do Rio voltou a ser citado como o pior exemplo. Segundo o texto, a postura das autoridades fluminenses incentiva a violência policial. Logo no primeiro parágrafo, o relator registra que um alto oficial da polícia do Rio comparou pessoas mortas em megaoperações a insetos, ao se referir à polícia como "o melhor inseticida social". O oficial citado é o coronel Marcus Jardim, chefe do 1 Comando de Policiamento de Área (CPA).

Ao ser informado do relatório da ONU, o governador Sérgio Cabral afirmou, em nota, que "o confronto é indesejável, mas inevitável". O ministro da Secretaria de Direitos Humanos do governo federal, Paulo Vannucci, disse que só se pronunciaria depois de ser informado oficialmente sobre o relatório.


Fonte

FAMA DE MATADORES EM TERRA DE NINGUÉM


Uma delegacia de R$ 50 mil

Delegado preso desembolsou quantia para pagar gastos de campanha de ex-chefe de Polícia.

Rio - O esquema de loteamento de delegacias que, segundo o Ministério Público Federal, foi implantado por Álvaro Lins — recebendo dos indicados às unidades quantias mensais de até R$ 25 mil — ficou evidente em um episódio especial, classificado na denúncia como “a compra da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) por R$ 50 mil”. A quantia foi desembolsada pelo delegado Luiz Carlos dos Santos, o Luizinho, um dos presos quinta-feira, que pagava recibos de campanha a deputado estadual do ex-chefe de Polícia Civil.

As investigações da Polícia Federal se baseiam em gravações telefônicas e em uma agenda apreendida na casa de outro integrante do esquema já preso: o assessor de Lins, Mário Franklin Mustrange, o Marinho. Nela, há uma lista de despesas de ‘caixa 2’ da campanha, incluindo mais de R$ 147 mil gastos na dobradinha eleitoral entre Lins e Leonardo Picciani, filho de Jorge Picciani, presidente da Alerj.


ARTICULAÇÃO

O nome de Luizinho aparece pagando R$ 52.333 em recibos. E, assim, ao longo de todo o segundo semestre de 2006, a articulação da quadrilha fica voltada para derrubar o então delegado da DPMA, Rafael Menezes.

Naquele período, o então chefe de Polícia Civil, Ricardo Hallak, também preso, conversa com Lins e diz que está tirando viaturas e funcionários para “f. o pessoal da Meio Ambiente”. O deputado responde com ironia: “Deixa eles pedalando de bicicleta. Já fiz muito isso. Não quer participar, tudo bem. Mas fica sem nada”.

O nome de Luizinho, no entanto, acaba vetado pela então chefe de gabinete da Secretaria de Segurança, Elizabeth Cayres. Num diálogo, Marinho e Fabio Leão, o Fabinho, reclamam do veto, chamam Hallak de “banana” e indicam que a ordem para a mudança era de Garotinho. De nada adianta.

A partir disso, os integrantes da organização criminosa articulam o nome de outro delegado, Ruchester Marreiros. “Acho melhor o Ruchester, até por causa de o Luiz Carlos não se sentir desprestigiado, tipo assim: ‘Pô, Dr. Luiz Carlos, está indo o Ruchester, mas, p., uma comissãozinha tua também e tal”, diz Fabinho. A mudança no comando da DPMA acontece, mas só ocorreu em 31 de outubro. Quem assumiu foi Sânia Burlandi.


FUNCIONÁRIO DE NADER LIVRE

Os tentáculos da quadrilha se expandiam por todo o estado. Episódio ocorrido em 4 de outubro de 2006 mostra isso. Naquele dia, na cidade de Casimiro de Abreu, um funcionário do deputado estadual José Nader foi preso por policiais do Batalhão Florestal e autuado em flagrante pelo delegado Jardiel Melo. A acusação era de invadir e devastar uma área de proteção ambiental com um trator para plantar palmito.

Segundo investigações, Marinho entrou em ação, pedindo que outro delegado, Daniel Goulart, intercedesse. Após alguns telefonemas, Goulart chamou Marinho e avisou o que foi feito a favor de José Nader, chamado na conversa de “conselheiro”: “Tá resolvido. Ele não vai apreender nada. Já tá liberando o motorista do trator”.


Ordem de buscas foi ignorada por Garotinho

Outro polêmico episódio envolvendo a DPMA aconteceu entre 2003 e 2004. Na época, logo após a inspeção à empresa Tribel (Tratamento de Resíduos Industriais de Belford Roxo S.A.) — que funciona dentro da Bayer S.A. —, a equipe do delegado Marco Aurélio Castro perdeu o comando da unidade. Sérgio Mazzillo, advogado de Garotinho, alega que a solicitação da mudança havia sido feita pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), com base em supostas arbitrariedades cometidas pelos policiais.

Mas, ao contrário do que diz a defesa do ex-governador, além de o documento da Firjan não fazer qualquer pedido de afastamento da equipe da DPMA, a ação dentro do Parque Industrial da Bayer não foi feita de forma arbitrária. Os agentes cumpriam mandado de busca e apreensão expedido pelo juiz Luiz Felipe Negrão, da 2ª Vara de Belford Roxo, em 13 de janeiro de 2004.

“Busca e apreensão domiciliar nas dependências do Parque Industrial da Bayer, ou de qualquer uma das empresas que ali presta serviços (...), podendo apreender inclusive documentos contidos em arquivos de papel bem como computadores, como também recolher material possivelmente contaminado”, decreta o juiz.


MPF: 'Fama notória de matadores'

A decisão tomada pelos 40 deputados — apenas quatro a mais do que o necessário — que libertou o delegado Álvaro Lins contraria frontalmente o consenso que havia entre procuradores do Ministério Público Federal e agentes da PF: o de que os policiais civis integrantes da quadrilha, em liberdade, ameaçam a vida de outras pessoas. O relato que consta no pedido de prisão preventiva encaminhado ao Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região não deixa dúvidas quanto à periculosidade do grupo. “Os referidos acusados possuem fama notória de matadores no âmbito da Polícia Civil, conforme revelado por testemunhas arroladas pelo parquet (Ministério Público Federal).”

Uma das vítimas que o relatório aponta é o PM Jorsan Machado de Oliveira, assassinado em fevereiro de 2007, em Jacarepaguá. Ele teria procurado a Polícia Federal para revelar a ligação dos ‘inhos’ com o contraventor Rogério Andrade na exploração dos caça-níqueis. O caso do delegado Alexandre Neto, que sobreviveu a um atentado, também é citado como exemplo do poderio bélico dos ‘inhos’: “Após apresentar denúncias contra Álvaro Lins e seu grupo, foi alvejado com cinco tiros em frente à sua residência, confirmando o teor das inúmeras conversas telefônicas que afirmavam que o mesmo receberia uma ‘trava’”.

Na mesma página do pedido encaminhado ao TRF, o MPF ainda destaca a capacidade de articulação que o grupo de policiais conhecido como ‘inhos’ demonstra mesmo dentro da prisão. “O fato de encontrarem-se atualmente presos não afasta o perigo que sua liberdade pode resultar à ordem pública. Isto porque há elementos que evidenciam que eles, mesmo dentro da cadeia, participavam de todas as ações da organização, o que levou o juízo da 4ª Vara Federal a determinar suas transferências para o Presídio Federal de Campo Grande (MS), em razão das facilidades de que gozavam na carceragem da Polinter, no Rio de Janeiro.”

Mais à frente, outro trecho comprova a conivência e complacência das autoridades da Polícia Civil na época. O inspetor Alcides Campos Sodré Ferreira é apontado como o interlocutor entre o então chefe de Polícia Civil, Ricardo Hallak, e os delegados intitulados “jóqueis”, isto é, aqueles que pagavam propinas para se perpetuar na chefia de delegacias distritais ou especializadas. Alcides chega a ser preso pela PF, mas após a soltura volta a trabalhar normalmente em setores administrativos.



Fonte

sexta-feira, 30 de maio de 2008

OPERAÇÃO SEGURANÇA PÚBLICA S/A


MPF aponta Garotinho como ‘chefe político’ e deputado como ‘gestor operacional’ de quadrilha.

Rio - Policiais federais desmontaram ontem o esquema que, para o Ministério Público Federal (MPF), consiste em uma organização criminosa chefiada pelo ex-governador Anthony Garotinho, do PMDB. Estruturada a partir da Secretaria de Segurança Pública do Estado, a quadrilha se aproveitou durante seis anos, segundo os procuradores, de um esquema de lavagem de dinheiro, loteamento de delegacias e contrabando de componentes eletrônicos para máquinas de caça-níqueis. Principal aliado do ex-governador na formação do grupo, o ex-chefe de Polícia Civil e deputado estadual Álvaro Lins, do PMDB, apontado como “gestor operacional” do bando, foi preso em flagrante, em seu apartamento de Copacabana, por lavagem de dinheiro.

Chamada de Segurança Pública S/A, a operação foi deflagrada às 6h. Segundo os investigadores, Lins era o principal gestor do grupo. Para fechar o cerco ao bando, o Tribunal Regional Federal (TRF) decretou a prisão de sete policiais, entre eles o ex-chefe de Polícia Ricardo Hallak, e expediu 16 mandados de busca e apreensão. Até o início da noite de ontem, um acusado continuava foragido.

De acordo com os procuradores Maurício da Rocha Ribeiro, Cristina Romanó e Paulo Fernando Corrêa, Garotinho atuava como “chefe político” da quadrilha. “Ele botava nos cargos-chaves quem a quadrilha queria. Só não há prova de que ele se beneficiava do ilícito. Não temos provas de que ele pedia dinheiro, como temos de que Lins e Hallak pediam”, afirmou Corrêa.

IMÓVEL DE R$ 1 MILHÃO

As investigações apontam que o objetivo da quadrilha era arrecadar dinheiro para garantir o financiamento de campanhas políticas. Com mandados de busca e apreensão, os agentes vasculharam as casas de Garotinho no Rio e em Campos. Em Copacabana, no apartamento em nome de Maria Bullos, avó da mulher de Lins, o deputado foi preso. O imóvel, avaliado em R$ 1 milhão e com condomínio de R$ 1.200, foi o ponto de partida para desbaratar o método de lavagem de dinheiro usado pelo deputado. Em 2006, na Operação Gladiador, a PF fez a primeira ligação de Lins com os caça-níqueis. O trabalho contou com informações repassadas por agentes da Polícia Civil indignados com o esquema de corrupção.

O MPF encaminhou à Justiça denuncia contra 16 acusados. Garotinho foi denunciado por formação de quadrilha armada. Lins e Hallak, que se entregou na sede da PF à noite, respondem por crimes relacionados a loteamento de delegacias — com exigência de pagamento de ‘caixinhas’ mensais de até R$ 25 mil por delegacia.

Para desbaratar o esquema, o MPF denunciou seis parentes de Lins, entre eles a mãe, Amélia Lins, a atual mulher, Sissy Bullos, e o sogro, Francis Bullos, vereador de Barra Mansa, também preso. Ao todo, nove dos denunciados estão presos, entre eles Mario Franklin, um dos quatro ‘inhos’, grupo de inspetores que agia com Lins.

Permissão para o esquema

De acordo com o procurador Paulo Fernando Corrêa, para permitir que o esquema funcionasse, Garotinho “sempre mantinha os integrantes da quadrilha em postos-chave na área de segurança pública, principalmente na Polícia Civil”. Nas unidades policiais, delegados eram submetidos até a chantagens para pagar as ‘caixinhas’. “Quem não aceitasse era transferido. Em várias delegacias, os denunciados faziam vista grossa a condutas ilegais em troca de altas quantias”, detalhou a procuradora Cristina Romanó. Entre as delegacias dominadas pela quadrilha, foi identificada a de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA).

“O Ministério Público Federal está convicto de que uma organização criminosa atuou durante mais de seis anos no governo do Estado do Rio”, afirmou Maurício da Rocha Ribeiro.

Segundo os procuradores, Garotinho está em liberdade porque ainda não há provas de que ele se beneficiava da arrecadação paralela. “Como sabia das irregularidades, entendemos que agia como integrante”, explicou Corrêa.

Os procuradores disseram que documentos e conversas telefônicas entre os integrantes da quadrilha e a deputada federal Marina Maggessi (PSB) foram enviados à Procuradoria-Geral da República, em Brasília. Quanto à participação da ex-governadora Rosinha Garotinho e do ex-secretário de Segurança Pública e hoje deputado Marcelo Itagiba (PMDB), os procuradores afirmaram que não há indícios do envolvimento.

BUSCAS EM LARANJEIRAS

Às 11h30, agentes da PF chegaram à casa onde moram há dois meses os ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho, na Rua Engenheiro Modrach, em Laranjeiras. Antes, no início da manhã, a equipe esteve no apartamento em que Garotinho morou por oito meses, no sexto andar do Edifício Condessa Dias Garcia, na Praia do Flamengo. O imóvel de quatro quartos foi aberto com chave cedida pelo porteiro, mas estava vazio. Policiais tiveram que pedir nova autorização judicial de busca e apreensão para o endereço atual da família.

Em Laranjeiras, sete policias passaram quatro horas e 15 minutos na residência e saíram com bolsas e pastas com documentos. Garotinho estava em casa com a mulher e dois filhos. Durante a manhã, foi intenso o entra-e-sai de advogados. Irritada, Rosinha Garotinho chegou a ordenar que um segurança retirasse os repórteres da frente do imóvel. O funcionário argumentou: “Senhora, mas eles estão na rua”.

‘COVARDIA’

Em entrevista a uma rádio de Campos, Garotinho se disse surpreso com a operação e afirmou: “Quem não deve não teme”. Em seu blog, às 16h34, ele escreveu estar sendo vítima de uma “covardia”. “Não foi apreendido nenhum computador, nenhuma quantia em dinheiro, nenhuma arma, apenas uns poucos objetos de uso pessoal e da minha família. Levaram até a agenda do motorista e uma conta de gás. A covardia praticada contra minha família não ficará sem resposta. Não há nenhuma prova material de nenhum ilícito que tivesse sido praticado por mim. É política. Tudo política.”

Às 19h01, o ex-governador classificou de “absurda” a acusação de formação de quadrilha armada e disse que “a transferência ou substituição de policiais não pode servir para fundamentar uma acusação de crime”. Segundo ele, a troca de um policial da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente ocorreu por denúncia de extorsão contra uma empresa, relatada pelo presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouveia Vieira.

O vice-prefeito de Campos, Ricardo Henriques, e o deputado federal Geraldo Pudim visitaram o ex-governador. Ontem, o programa de rádio de Garotinho foi apresentado pela filha do casal Clarissa Matheus. Ela passou boa parte do programa falando sobre celebridades, como a atriz Luana Piovani, ignorando a ação da PF.

LIGAÇÕES: OS DENUNCIADOS

Anthony Garotinho: Foi denunciado por formação de quadrilha armada. Teve documentos apreendidos.



Álvaro Lins: Preso em flagrante por lavagem de dinheiro. Denunciado por formação de quadrilha armada, corrução passiva e contrabando.



Mário Franklin Leite Mustrange de Carvalho, o Marinho: Inspetor de polícia, denunciado por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha armada.



Fábio Menezes de Leão (Fabinho), Jorge Luiz Fernandes (Jorginho) — os dois já presos — e Hélio Machado da Conceição, o Helinho, foragido: Foram denunciados por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha armada.

Ricardo Hallak e Luiz Carlos dos Santos: Delegados, estão denunciados por formação de quadrilha armada. Hallak se entregou.



Alcides Campos Sodré Ferreira (Alcides Cabeção): Inspetor de polícia, foi denunciado por formação de quadrilha armada.



Luciana Gouveia dos Santos e Francis Bullos: Ex-mulher e atual sogro de Álvaro Lins, foram presos e denunciados por lavagem de dinheiro. Bullos é vereador em Barra Mansa. Ela foi liberada à noite.



Daniel Goulart (inspetor de polícia): Denunciado por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha armada. Não foi preso.



Vanda de Oliveira Bullos (sogra de Lins), Sissy Toledo de Macedo Bullos Lins (atual mulher), Maria Bullos (avó de Sissy) e Amélia Lins (mãe de Lins): Todas foram denunciadas por lavagem de dinheiro, ligadas a Álvaro Lins. Não estão presas.




Fonte O DIA

POLÍTICA DE EXTERMÍNIO NO RIO


Política de segurança no Rio é 'extermínio', reforça relatório da ONU



Relator que visitou a cidade diz que ação policial é 'contra producente' e 'excessivamente violenta'


Rio - O Relator das Nações Unidas para Execuções Sumárias, Arbitrárias e Extrajudiciais, Phillip Alston, chamou de "extermínio" e criticou o "modelo" das ações de segurança pública no Rio de Janeiro. Na próxima segunda-feira, 2 de junho, durante a abertura do 8º Período de Sessões do Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, Suíça, Alston divulgará relatório preliminar sobre a visita que realizou ao Brasil em novembro de 2007. O relatório definitivo deve ser apresentado até o início de julho.

Phillip Alston destaca em seu relatório os assassinatos cometidos pela polícia nas favelas do Rio de Janeiro e diz que, apesar da megaoperação policial realizada no Complexo do Alemão em junho de 2007 ter resultado na execução de 19 pessoas, “autoridades do governo do estado declaram ser esta operação um modelo para as ações futuras da polícia” e “De fato, parece ter se tornado um modelo de ação: em 30 de janeiro de 2008, 06 pessoas foram assassinadas pela polícia em uma grande operação; em 03 de abril, 11 foram mortas; e em 15 de abril, mais 14 assassinatos. Após a última operação, um alto oficial da polícia comparou as pessoas mortas a insetos, referindo-se à polícia como “o melhor inseticida social”.”

Sem justificativa

Criticando o modelo adotado pelas autoridades fluminenses, o relator da ONU diz que apesar dos responsáveis pela operação no complexo do Alemão terem comemorado, os resultados não foram significativos, assinalando que os chefes do tráfico não foram presos, a apreensão de armas e drogas foi ínfima. Por outro lado diz o Relator, nenhum policial foi assassinado e poucos foram feridos, o que não sustenta a justificativa de autoridades de que encontram “resistência” e por isso 19 pessoas foram assassinadas.

Para Alston o modelo de Segurança Pública adotada no Rio de Janeiro é politicamente motivado e baseado em policiamento pelas pesquisas de opinião. “Mas é popular entre aqueles que querem resultados rápidos de demonstrações de força. A ironia é que é contra producente.”

O Relator também faz uma crítica aos autos de resistência, afirmando que recebeu informações contundentes de que homicídios por “resistência” são de fato execuções extrajudiciais e que relatórios de autópsias a que teve acesso comprovam isso. Assinala ainda que o número surpreendentemente elevado de autos de resistência em 2007, 1330, representou 18% do número total de homicídios no Rio de Janeiro.

Para Alston a “razão chave para a ineficiência da polícia em proteger cidadãos é que muito freqüentemente ela envolve uma violência contra-produtiva e excessiva enquanto desempenha o seu trabalho e participa em parte do crime organizado quando não está trabalhando.”

Durante a visita ao Rio de Janeiro, Phillip Alston se encontrou com diversos familiares de vítimas da violência policial, testemunhas, vítimas, ONGs de direitos humanos e movimentos sociais. O Relator também teve uma agenda governamental com integrantes do executivo, legislativo e judiciário.

Ao final o relatório preliminar traz uma série de recomendações sobre vários temas, entre eles, investigação dos homicídios cometidos pelas polícias, remuneração dos policiais, perícia técnica, proteção a vítimas e testemunhas, ouvidorias e sistema prisional.



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RIO MATOU OFICIALMENTE 1.548 PESSOAS EM 14 MESES DE GOVERNO CABRAL










UM MAR DE CADÁVERES


Voluntários da Cruz Vermelha vão atuar em favelas do Rio de Janeiro.


RIO - Voluntários da Cruz Vermelha vão atuar em favelas do Rio a partir de junho, de acordo com informação da Agência Estado. Segundo a reportagem, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha considera o número de vítimas de violência na capital fluminense equivalente ao de locais onde há guerra declarada. "A violência urbana é um sério desafio com o qual precisamos lidar" disse o presidente do comitê, Jakob Kellenberger.

Ainda segundo a reportagem, a Polícia Militar do Rio matou oficialmente 1.548 pessoas em 14 meses de governo Sérgio Cabral Filho (PMDB) - de janeiro de 2007 a fevereiro deste ano, último dado divulgado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). Registradas como autos de resistência, as mortes em supostos confrontos atingiram seu maior número no atual governo: 110 por mês, em média. Foram 1.330 mortes em 2007 - o que representa um aumento de 25% em relação a 2006 - e 218 em janeiro e fevereiro deste ano, contra 207 no mesmo período de 2007 (5,31% a mais). No Iraque, foram mortos em confronto 14.235 pessoas em 2007.

A Cruz Vermelha tem como uma de suas missões agir, em caso de guerra, para proteger vítimas civis e militares. Um acordo para atuar no Brasil foi assinado em 2007. Em Genebra, Kellenberger evitou dar detalhes sobre o programa. No Rio, a filial da Cruz Vermelha informou que equipes já foram treinadas, inclusive na Argentina, e que o trabalho deverá começar na segunda quinzena de junho, com pelo menos 30 voluntários. O programa também deverá apoiar presidiários.

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quarta-feira, 28 de maio de 2008

POLÍCIA MATOU 1260 PESSOAS EM 2007 NO RIO DE JANEIRO


Anistia Internacional: 'Polícia matou cerca de 1.260 pessoas no Rio'



A Anistia Internacional divulgou em Londres que as ações dos governos federal e estaduais em resposta à atuação do crime organizado em áreas de comunidades carentes foram classificadas de "confusas" no relatório anual da Anistia Internacional, divulgado nesta quarta-feira, em Londres.

Segundo o documento, embora o governo federal tenha lançado iniciativas voltadas à prevenção do crime, como o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), que destina recursos à área da segurança pública, ainda se verificam "métodos violentos, discriminatórios e corruptos no combate ao crime", principalmente no Rio de Janeiro.

O relatório aponta, com base em dados oficiais, que a polícia matou pelo menos 1.260 pessoas no Rio em 2007 - o maior número já verificado no estado. Para o pesquisador da Anistia Internacional sobre temas relacionados ao Brasil, Tim Cahill, é preciso que as promessas que envolvem os programas lançados pelos governos sejam concretizadas.

- Temos notado que o governo federal tem aumentado a visibilidade de suas preocupações, mas as promessas em relação às reformas, também anunciadas pelo governo do estado do Rio durante as eleições, não se concretizam para as pessoas que estão vivendo nessas comunidades [carentes]. Há esse grande espaço entre as promessas e a realidade e isso é um grande problema - afirmou ele, de Londres, em entrevista por telefone à Agência Brasil.

Para reverter o quadro marcado pelo elevado número de mortes durante operações policiais, Cahill defende uma política de segurança de longo prazo, baseada em uma atuação direcionada às necessidades de cada comunidade, aliada a investimentos sociais.

- Se os governos estadual [do Rio] e federal não fizerem um plano de longo prazo baseado num policiamento que trabalha as necessidades dessas comunidades, direcionado aos locais onde os focos de crimes existem, vamos continuar tendo crimes violentos. Precisamos ter uma política que traga segurança verdadeira para essas populações, combinando investimento social e reforma concreta da estrutura do policiamento - disse ele.

- Reconhecemos que a polícia tem um trabalho muito difícil e que muitos perdem suas vidas na defesa dos direitos humanos, mas há uma falta de pensamento estratégico no nível superior e a presença de alguns maus policiais que reduzem a eficácia e a credibilidade da atividade da polícia - concluiu.

GUERRA NO RIO. TIROTEIOS E MORTES VÃO AUMENTAR



PM registrou 748 confrontos com criminosos neste ano, diz comandante




BRASÍLIA - O comandante da Polícia Militar, tenente-coronel Gilson Lopes, revelou nesta terça-feira, na Comissão de Segurança da Câmara que, de janeiro até o último sábado foram registrados nada menos que 748 confrontos só entre policiais militares e criminosos nas ruas do Rio. Segundo o coronel, nos dias mais tensos, são contabilizados até 15 trocas de tiros entre policiais fardados e bandidos, principalmente traficantes. Ele admite que esse número de confrontos comandados pela PM vai aumentar. Além do mais, o retrato da violência pode ser ainda mais forte. Nas estatísticas do coronel não estão computados os choques protagonizados por policiais civis.

- Em termos de país, é algo que se deva preocupar - disse Gilson Lopes ao jornal "O Globo" depois da sessão.

O comandante negou, no entanto, que a crescente onda de tiroteios entre policiais e suspeitos de crimes seja a confirmação da política do secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, de enfrentamento direto com o crime organizado. Segundo ele, os choques se tornaram mais comuns porque o governo aumentou o policiamento ostensivo nas ruas. Ele argumenta ainda que o narcotráfico está sem dinheiro e, por isso, tem tentado incrementar a venda de drogas em algumas áreas estratégicas da cidade.

- Os confrontos vão aumentar porque os policias estão mais presentes nas ruas e o tráfico está descapitalizado - disse Lopes.


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terça-feira, 27 de maio de 2008

MILÍCIA, A FACE DO MAL, É O CVPCC DE AMANHÃ




RIO - Após dois meses da decisão judicial que concedeu liberdade provisória para sete suspeitos de integrarem uma milícia que atuava na Favela da Palmeirinha, em Guadalupe, moradores da região voltam a apontar o mesmo grupo como responsável pelo assassinato do borracheiro Wemerson Resende Ribeiro Santos, de 25 anos (ouça o depoimento emocionado da mãe do jovem morto) . Testemunhas contaram que o ex-fuzileiro naval e PM Fabrício Fernandes Mirra, conhecido como Mirra ou MR, e PM Marcos Gregório Siqueira Silva, o Zero, com outros membros do grupo estariam, desde a semana passada, liderando ações criminosas na localidade. Segundo investigações, o grupo agiria em quatro favelas, cobrando por serviços.

O borracheiro foi executado na porta de casa, com pelo menos três tiros, por volta das 6h30m. Segundo a mãe de Wemerson, a auxiliar de serviços gerais Aparecida Ribeiro, de 48 anos, o filho dormia quando foi chamado por um homem, solicitando pelo serviço. O jovem foi ver quem era. Nesse momento, ela ouviu uma rajada de disparos.

- Eu só peço, por favor, para que não julguem o meu filho porque a gente mora em uma favela. Ele era um rapaz trabalhador e foi morto covardemente - desabafou, indignada, a mãe, que perdeu o filho único.


Moradores temerosos

Testemunhas contaram que o grupo voltou a agir na semana passada, ameaçando moradores contrários as cobranças dos milicianos.

- Todos os moradores estão oprimidos aqui na comunidade. Eles falaram que isso aqui vai ficar um rio de sangue. A prova disso é o assassinato do Wemerson - contou uma moradora, que, temerosa, pediu anonimato.

Os policiais Mirra e Zero - além de outros cinco homens - foram soltos pelo juíz Rafael de Oliveira Fonseca, da Vara de Itaguaí, no dia 24 de março, por entender que não haveria riscos para testemunhas. O grupo dos PMs é investigado por assassinatos e outros crimes.


PM tentou encobrir participação em crime

Acusado de chefiar uma milícia que atua em quatro favelas do Rio, o soldado PM Fabrício Mirra tentou evitar a investigação de um homicídio em que era o principal suspeito do crime. A tentativa de encobrir sua suposta participação no assassinato de José Alexandre Silva Eugênio, que morreu dia 20 de fevereiro, dois dias após ser espancado pelo PM, na cidade de Pinheiral, no Sul Fluminense, foi flagrado numa escuta telefônica, feita pela Polícia Civil, com autorização da Justiça.

Em um telefonema, gravado em 19 de fevereiro, às 18h07m, Mirra atende a uma ligação de outro integrante do bando, o também PM Marcos Gregório Silva, o Zero.


'Oferece um dinheiro'

Durante a conversa, que durou pouco mais de um minuto, Zero pergunta se a "prima" (apelido dado a testemunha do espancamento) pode ser morta. "Se, de repente, a prima dele escorregar e cair (morrer)?".

Mirra não concorda, já que um segundo crime complicaria ainda mais a sua situação. Ele então pede para que o comparsa tente subornar a testemunha. "Não pode escorregar nunca. Segura ela (testemunha), bate um papo e oferece um dinheiro", disse na conversa.

Zero diz que atenderá a ordem. "Só faço (a execução) quando libera", afirmou o cúmplice.


'Reverte a situação'

No dia 20 de fevereiro, mesma data em que José Alexandre Eugênio morreu num hospital, Zero foi flagrado em um telefonema, orientando um homem a instruir uma testemunha a mentir em seu depoimento, que seria prestado à polícia.

Na ligação, ocorrida às 9h, Zero fala com o homem não identificado que a testemunha deve omitir o nome de Fabrício Mirra.

"Pede pra ela reverter a situação. Dizer que era um negão e inventa outro nome. Tem que falar outro nome e que é um negão alto e escuro. E fala que o nome é Fábio e não Fabrício", orientou Zero, no telefonema.

Em janeiro de 2006, Fabrício Mirra foi acusado de ter assassinado Cleber Vasconcelos Pinho, em Marechal Hermes. Vinte e cinco dias após o crime, uma testemunha que havia acusado o PM pelo assassinato, voltou atrás e inocentou o soldado Mirra.


Fonte

segunda-feira, 26 de maio de 2008

TAMBORES PARA OXÓSSI




TAMBORES PARA OXÓSSI




Primeira festa do ano no Terreiro do Gantois saúda o orixá da caça, provedor e protetor da família


O rufar dos tambores anuncia a chegada da procissão. O grupo, que antes participara de uma missa na Igreja de Santana, Rio Vermelho, entra pela porta da frente do Terreiro de Gantois, na Federação, trazendo como oferenda flores e a imagem sacra de São Jorge. Mas, na primeira festa do ano no Gantois, é dia de saudar Oxóssi, patrono do candomblé na Bahia, provedor e protetor da família. O ritmo dos atabaques muda, alguns filhos e filhas-de-santo incorporam o orixá, dançam no meio do salão e recebem saudações dos adeptos.

A festa, entretanto, está apenas começando. Após o ritual, um grande café da manhã, servido quase na hora do almoço, é símbolo de confraternização. Em seguida, cada filho e filha-de-santo realiza as obrigações de Oxóssi: prepara oferendas, limpa a casa, produz comidas de axé. Oxóssi é também o orixá da caça, por isso é considerado pelos humanos um grande herói provedor, que leva o alimento diário às famílias. Para saudar a virtude do deus, um grande churrasco, que representa o alimento de Oxóssi.

À noite, o patrono do candomblé apresenta-se caracterizado. É o grande ápice dos festejos, que duram até o final da semana. Depois, inicia-se o calendário de festas, que segue até 2 de dezembro. O dia de Oxóssi é esperado o ano inteiro pelos adeptos da religião de matriz africana, afinal é quando reinicia-se o ciclo de atividades do terreiro. Apesar de acontecer em paralelo às homenagens a São Jorge, louvar o orixá não envolve sincretismo. “A missa católica é uma tradição dos antigos, que não rejeitamos. Mas aqui dentro é algo completamente diferente. É puro candomblé”, explica a iadagan (terceira na hierarquia) do Gantois, Neli Cristina de Oxóssi.

O puro candomblé, ao mesmo tempo que encanta, assusta. Pela primeira vez em um terreiro, a paulista Larissa Miranda estremeceu ao ver as incorporações e os transes constantes durante as danças em homenagem a Oxóssi. “Estou me sentindo nervosa, vou embora agora”, disse às pressas. Mas o ritual nada tem de agressivo. De olhos fechados, com faixas de tecido amarradas ou no peito ou nos ombros – para diferenciar os orixás masculinos e femininos – os incorporados eram guiados pela batucada e sequer esbarravam uns nos outros.

O salão cheio de orixás incorporados deixou a consultora de saúde, Iara Alves, 60 anos, orgulhosa. Ela veio do Rio de Janeiro apenas para homenagear Oxóssi, pela quinta vez. “Oxóssi é rei, é pai. Peço muita bênção, axé, saúde e paz. Hoje (ontem) é o dia ideal para se pedir tudo que se tem vontade”, anunciou. Ela é filha de mãe Edelzuita de Lourdes, 74, baiana, iniciada no Terreiro de Gantois, que hoje luta pela disseminação da cultura afro-brasileira. “Consegui que 30 de setembro fosse o Dia da Matriz Africana em São Paulo e pretendo estender por todo o país”, salienta.




HISTÓRIA


O TERREIRO de Gantois foi fundado em 1849 por africanos. A grande dirigente, Maria Júlia de Conceição Nazaré, comprou o terreno de um escravista belga e deu início aos cultos. Após sua morte, houve luto durante anos, tradicional da religião. A próxima a assumir o terreiro foi mãe Pulquéria de Oxóssi, que destacava-se pela personalidade forte. Houve mais um longo luto pela sua morte e, então, em 1912, mãe Menininha assumiu o terreiro e se tornou a ialorixá mais famosa do país. Com a sua morte, o local permaneceu fechado durante anos. Em 2002, numa festa de Oxóssi, os orixás escolheram mãe Carmen para dirigir o terreiro. Ontem, a ialorixá completou seis anos à frente do Gantois.

Maíra Portela


CORREIO DA BAHIA, 23 de maio de 2008.

sábado, 24 de maio de 2008

CHACINA MASCARADA


Levantamento feito por 'O Globo' em dez emergências de hospitais do Rio - municipais, estaduais e federais - mostra que, dos 1.222 baleados atendidos nestas unidades este ano, 31% já chegaram mortos, a maioria levados por PMs, garantem os médicos. Assim, se desfaz a cena do crime. Este ano, no Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, dos 184 baleados atendidos na emergência, 91 chegaram mortos. O hospital é o que mais recebe cadáveres no estado.

O argumento utilizado para levar corpos dilacerados por tiros e granadas às unidades de saúde também serve para esconder possíveis execuções praticadas por policiais.

Segundo a pesquisa do Globo, só este ano foram 387 locais de crimes desfeitos, prejudicando as investigações policiais e a identificação de criminosos.

- Sem o cadáver, fica impossível concluir as circunstâncias do crime. O local do crime tem que ser preservado. Isso é respeitado no mundo inteiro - afirma Mauro Ricart, perito criminal há 35 anos e ex-diretor do Instituto de Criminalística e da Polícia Técnica do Rio.

Fonte

sexta-feira, 23 de maio de 2008

EM JUNHO DO ANO PASSADO...



Vila Cruzeiro: 4 mortos e 39 feridos em cinco dias


Agência JB

"RIO - O estudante Vitor Souza Euzébio, de 21 anos, morreu na tarde deste domingo, com um tiro na cabeça. De acordo com os moradores, Vitor estava na laje de sua casa olhando os estragos na caixa d'água que teria sido atingida por tiros. Vítor cursava segundo grau em uma escola técnica e morava no Morro da Chatuba com a mãe e três irmãos.Vizinhos de Vítor acusam a polícia de ter feito o disparo que matou o rapaz.

Familiares do menino tiveram que pedir ajuda a polícia para socorrer o rapaz. Vítor foi levado para o Hospital Getúlio Vargas onde morreu. Ele é mais uma vítima do confronto entre policiais e traficantes no Morro da Chatuba, em Vila Cruzeiro.

A operação contabiliza um morto e doze feridos, sendo onze moradores e um policial, só neste domingo. Em cinco dias de confrontos, 39 pessoas ficaram feridas e quatro foram mortas.

Os policiais estão em confronto com traficantes desde quarta-feira. A operação no Complexo da Vila Cruzeiro começou após informações de que os assassinos de dois policiais fuzilados no bairro de Oswaldo Cruz, na última terça-feira, seriam da Vila Cruzeiro. Até agora, no entanto, nenhuma pessoa foi presa."


05/06/2007

SINAIS DE ESPANCAMENTO E TORTURA NA OPERAÇÃO DA PM NA VILA CRUZEIRO. É... POSE SER.


Vila Cruzeiro tem quatro mortos e dois feridos

Um dos mortos chegou com sinais de espancamento e queimaduras.
Batalhão fez operação no local e trocou tiros com criminosos.
Os corpos de Ricardo Brito, de 21 anos, Alexandre Correia, de 26 anos, e Sandro Luiz Roque, de 31 anos, além de um jovem ainda não identificado, mortos na tarde desta quarta-feira, durante operação da PM na Vila Cruzeiro, Penha, Zona Norte, permanecem no IML. O corpo de Sandro, que foi morto por espancamento, ainda não foi necropsiado. Parentes das vítimas ainda não foram ao instituto providenciar a liberação dos mortos.


Quatro pessoas morreram e duas ficaram feridas na tarde desta quarta-feira (21) na Vila Cruzeiro, na Penha, subúrbio do Rio. Um dos mortos chegou com sinais de espancamento e queimaduras. Os outros foram baleados, assim como os feridos.

A operação do 16º BPM (Olaria) começou ainda na parte da manhã, quando houve troca de tiros com traficantes. O clima ainda é tenso.

Segundo a polícia, três dos mortos foram feridos durante o confronto e seriam criminosos. O batalhão não soube informar as circunstâncias da morte da quarta pessoa, que tinha sinais de espancamento.

Fonte.

E SE FOR VERDADE? NESSE CASO A POLÍTICA NÃO É DE SEGURANÇA, MAS DE CHACINA.


Famílias denunciam abusos da PM em operações em duas comunidades



Rio - Familiares de quatro rapazes mortos em duas operações distintas da Polícia Militar, realizadas na terça-feira, denunciaram que eles foram executados à queima-roupa.

Na porta do Instituto Médico-Legal (IML), na manhã desta quinta, a doméstica Damiana Silva, 50 anos, mãe do auxiliar de contabilidade Ricardo da Silva Brito, 21, contou que o filho e o autônomo Reinaldo Nunes, 25, foram capturados na Favela Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, por homens do 16º BPM (Olaria), levados de Caveirão até o Beco do Sacopã e fuzilados.

No Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, uma ação do Bope resultou na morte do ajudante de pedreiro André Luiz da Silva Lima, 24. Ele buscava a irmã no colégio quando foi baleado. “Ficamos sabendo por vizinhos que ele tinha sido algemado e que ficou uma meia hora com os policiais. Procuramos em várias delegacias, mas nada de encontrá-lo. Fomos a hospitais e duas vezes no IML. Já sem muitas chances de achá-lo, lá pelas 22 horas, fizemos um mutirão na favela e vasculhamos o matagal. Foi quando encontrei meu irmão morto com um tiro no peito”, contou um irmão de André Luiz.

A incursão do Bope tinha objetivo de localizar bandidos que roubaram três pistolas e um fuzil de seguranças da família do governador Sérgio Cabral.


Mãe se revolta

Na ação na Vila Cruzeiro, a Polícia Militar alegou que as mortes foram resultantes de troca de tiros com bandidos. Os moradores, no entanto, dizem que houve arbitrariedade dos policiais. “Todo mundo da favela viu quando eles foram jogados para dentro do Caveirão. Meu filho levou tiros nas costas e no peito. Uma covardia. Ele sempre teve medo que isso acontecesse. Morreu sem direito à defesa, gritando que era trabalhador”, afimou Damiana.


Jardineiro seguia para escola

Na operação da Vila Cruzeiro, o jardineiro Alexandre Correia, 26, foi baleado no pescoço e morreu a caminho do Hospital Getúlio Vargas, na Penha. Segundo os familiares, o rapaz foi atingido quando seguia para o Ciep Gregório Bezerra, na Penha, onde suas três filhas estudam. Por causa do tiroteio, ele foi ao colégio saber se haveria aulas. A família de Sandro Luiz Roque, 31, que teria morrido após espancamento, não quis dar declarações. A informação da polícia é que ele estava numa laje com um fuzil.

Fonte

domingo, 11 de maio de 2008

AÇÃO ENTRE AMIGOS. MILÍCIA OFERECE MORROS AO TRÁFICO


Milícia oferece morros ao tráfico



Paramilitares que invadiram três favelas de Quintino estariam pedindo R$ 500 mil para entregar áreas ao CV



Rio - Pressionados pela polícia para saírem de favelas em Quintino, na Zona Norte, milicianos estariam negociando a ‘venda’ do controle dos morros do Dezoito, Caixa D’Água e Camarista Méier, na divisa com o Méier, com traficantes da facção Comando Vermelho (CV). O assunto, que está em cada roda de conversa nas esquinas do bairro, será investigado pela 28ª DP (Campinho). A milícia estaria exigindo R$ 500 mil para deixar o caminho livre para que os traficantes retomem as áreas, sem confrontos.

“Nosso dever é investigar essa informação”, afirmou o chefe do Setor de Investigação da 28ª DP, João Luiz Martins. No dia 23, O DIA mostrou com exclusividade que até o funcionamento das barracas na tradicional Festa de São Jorge foi coordenado pelos milicianos. O escândalo provocou reações imediatas junto aos comandos do 9º BPM (Rocha Miranda) e 3º BPM (Méier), que ordenaram cerco aos milicianos, dando, inclusive, prazo de 10 dias — que venceria este fim de semana — para que eles saiam da região. Os comandos dos batalhões não comentam o assunto.

Segundo moradores, os milicianos não estariam mais atuando, por exemplo, no Morro do Saçu e também já não circulam mais ostentando armas em diversas ruas, como a Lemos de Brito e Assis Carneiro. “Alguns (milicianos) falam abertamente que os morros serão vendidos para o Comando Vermelho e que nós, moradores, é que vamos ter que arcar com as conseqüências, pois os traficantes voltariam a impor a lei do terror e da crueldade”, diz um morador da Rua Assis Carneiro.

DESVALORIZAÇÃO

Desde que a milícia passou a fazer a ‘segurança’ da região, expulsando bandidos da facção Amigos dos Amigos (ADA), até o mercado imobiliário passou a seguir as ‘leis’ do poder paralelo. De acordo com um corretor de imóveis experiente na região, a oferta de venda e aluguel de casas e apartamentos aumenta. Os preços dos imóveis despencam. “A violência e o medo de confrontos é que ditam os valores de venda ou locação. Isso acontecia também quando os traficantes dominavam os morros do bairro e viviam em guerra pelas bocas-de-fumo”, lamenta.

Em meio às especulações sobre a ‘venda’ dos morros, os moradores vivem sob tensão, com medo de uma futura e provável guerra entre bandidos do Comando Vermelho e da facção Amigos dos Amigos (ADA). Esses últimos, comandados pelo traficante conhecido como Cotonete, foram expulsos pela milícia no início do ano dos morros do Dezoito, da Caixa D’Água e do Saçu, durante confronto que terminou com quatro traficantes mortos. “O policiamento ostensivo dos dois batalhões (9º e 3º BPM) melhorou nas últimas semanas, mas o clima de batalha sangrenta está sempre no ar. Somos constantes reféns do medo”, queixa-se uma moradora do Dezoito.

Recibo obtido por O DIA comprova que moradores de várias ruas, como Milão, Taciba, Urupema, Maturi e Lemos Brito, são obrigados a pagar entre R$ 15 e R$ 20 por suposta ‘segurança’, em nome da falsa Associação de Moradores da Rua Utupeva. De acordo com a Região Administrativa da Prefeitura do Rio em Madureira, a associação não é legalizada e nem funciona no número 385, conforme consta no recibo, onde ainda há espaço para pagamentos mensais até o ano de 2013.

PÁROCO RECEBEU PROTEÇÃO

Mesmo contra sua vontade, o pároco da Matriz de São Jorge, em Quintino, Marcelino Modelski, 41, recebeu proteção policial durante a festa do santo, no mês passado. O padre confirmou denúncias de que milicianos estavam fazendo a ‘segurança’ dos mais de 100 barraqueiros, com exceção de cinco, que trabalharam dentro da área da igreja. “Naquela época, por precaução, escoltamos o padre até sua residência. Entendemos que a situação era preocupante na ocasião e por isso lhe demos proteção”, revela o chefe do Setor de Investigação da 28ª DP, João Luiz Martins.

O padre, que virou herói no bairro, evita comentar o assunto. Depois das festividades alusivas a São Jorge, ele tentou conversar com um dos chefes da milícia na região, sem sucesso. Preocupados, fiéis disseram que, por meio de recados, os milicianos mandaram avisar que eles estavam “muito chateados” com Marcelino. Nas últimas semanas, mais de 20 barraqueiros já prestaram depoimentos na 28ª DP.

Fonte: O Dia.

sábado, 10 de maio de 2008

NA GUERRA DO RIO DE JANEIRO, CENSURA AOS DIREITOS HUMANOS?





Justiça Global reage a críticas do chefe da Polícia Civil









RIO - A diretora executiva da ONG Justiça Global, que trabalha com proteção e promoção dos direitos humanos, Sandra Carvalho, reagiu às críticas feitas pelo chefe da Polícia Civil do Rio, Gilberto Ribeiro, em entrevista ao GLOBO ONLINE. Sandra afirmou que sua entidade nunca foi chamada pelo governo do estado para discutir o assunto, embora sempre tenha procurado o diálogo:

- Estamos cansados de ouvir esse discurso por parte da polícia. O governador (Sérgio Cabral), enquanto candidato, disse que respeitaria os direitos humanos, que era contra os caveirões e que segurança não se fazia com matança. A Justiça Global nunca foi recebida por ele ou por representantes da segurança.

Para a diretora, o fato de a ONG denunciar as violações dos direitos humanos, principalmente nas comunidades pobres, tem incomodado as autoridades da área de segurança.

" Estamos preocupados com o planejamento inteligente das operações, sem matança indiscriminada"

- Estão tentando tirar a nossa legitimidade. É fato: houve aumento no número de autos de resistência e diminuição das prisões e da apreensão de armas. É uma segurança pública baseada numa política de extermínio. A gente se preocupa com os policiais, sim. Por isso, estamos preocupados com o planejamento inteligente das operações, sem matança indiscriminada - afirmou.

O chefe de Polícia Civil, delegado Gilberto Ribeiro, fez duras críticas às entidades de defesa dos direitos humanos, acusando-as de serem parciais. Segundo ele, essas organizações não verificam se houve realmente violação dos direitos. Gilberto disse que nunca foi procurado por elas para discutir o assunto fora dos momentos de crise, quando há mortos em confrontos nas operações policiais. A ONG Justiça Global contradisse o delegado, alegando nunca ter sido recebida por ele.

- Elas não se colocam de forma isenta. Há apenas a necessidade de fazer um discurso dizendo que a polícia violou os direitos humanos. Não há um cuidado para saber se de fato houve violação. Fala-se muito em direitos humanos dos criminosos e se esquece dos direitos humanos da população e, especialmente, dos policiais, que são caçados e executados com muita freqüência. Não se vê uma única manifestação de apoio às famílias desses policiais que morrem em defesa da sociedade - criticou o delegado.

" Há apenas a necessidade de fazer um discurso dizendo que a polícia violou os direitos humanos "

Ribeiro disse que a polícia está de portas abertas para discutir o tema. Em junho de 2007, quando confrontos no Complexo do Alemão terminaram com a morte de 19 pessoas apontadas por policiais como bandidos, um integrante da ONU procurou a Chefia de Polícia exigindo explicações. Segundo Ribeiro, o representante questionou a conduta da polícia.

Ao ser perguntado sobre o aumento no número de autos de resistência, Ribeiro alegou que, ao longo dos anos, não houve uma política de enfrentamento como a atual:

- Se você realiza mais operações, é evidente que o número de confrontos cresce e aumentam os autos de resistência. Em nenhum lugar do mundo existe esta geografia daqui. O estado tem o dever de entrar em todas as áreas para dar segurança à população. Se os criminosos nos rechaçam, isso nos obriga a agir. Ao longo destes anos, percebemos que, quando não há enfrentamento, não há baixas.



Jorge Antonio Barros e Vera Araújo - O Globo

sexta-feira, 9 de maio de 2008

POLÍTICA DO PAN CONTINUA NO RIO: MAIS SETE CADÁVERES ATÉ AGORA





Chega a sete número de mortos em operação no subúrbio



Policiais do 9º BPM (Rocha Miranda) estão em Costa Barros desde o início da manhã.

O objetivo da ação é coibir o tráfico de drogas na região.


A Secretaria estadual de Saúde confirmou que já chega a sete o número de mortos a tiros durante uma operação do 9º BPM (Rocha Miranda) no Morro da Pedreira e em outras favelas de Costa Barros, no subúrbio do Rio, que começou na manhã desta sexta-feira (9). Segundo o próprio batalhão, ainda há troca de tiros na região.

Subiu para sete o número de mortos durante operação de agentes do 9º BPM (Rocha Miranda) e do Batalhão de Choque nos morros da Pedreira, Quitanda e Lagartixa, em Costa Barros, na Zona Norte. A incursão nas favelas foi na manhã desta sexta-feira e houve intensa troca de tiros. Um traficante foi preso.

De acordo com um policial, um dos mortos era líder do tráfico do Morro da Pedreira e era conhecido como Churrasquinho da Pedreira, por queimar os corpos de suas vítimas.

Os soldados apreenderam dois fuzis, uma submetralhadora cromada, quatro rádios transmissores, um revólver calibre 38, duas pistolas, quatro bombas artesanais, um casaco camuflado da Aeronáutica, um carregador de fuzil, caderno com anotações do tráfico, 26 tabletes de maconha, dez comprimidos de ecstasy e farta munição.

Ainda segundo a Secretaria, todos já chegaram mortos ao hospital, sem identificações, e tinham aparência de 20 a 30 anos de idade.

De acordo com a polícia, já foram apreendidas algumas armas durante a ação, que tem como objetivo coibir o tráfico de drogas na região.


Leia mais:



Ainda não há informações sobre prisões.


Fonte: G1.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

DILMA X AGRIPINO: RESPOSTA DE UMA MULHER DE HONRA


Agripino desatinou




Inaceitável. Indelicada. Grosseira. E politicamente desastrosa.

A atitude do líder do DEM, senador José Agripino, na abertura dos trabalhos da Comissão de Infra-estrutura do Senado, na manhã de hoje, já pode ser inscrita nos Anais do Congresso como uma das mais grosseiras agressões desferidas contra uma autoridade que vai ao Congresso Nacional prestar contas dos atos de sua pasta.

Ao agredir a ministra Dilma Roussef, ao trazer de volta eventos, dores e peripécias de sua juventude, de sua prisão e tortura na cadeia da ditadura, o senador José Agripino manchou a própria biografia.

Homem fino, educado, adversário por vezes duro (mas isto faz parte do embate político), Agripino jamais foi descortês.

E não se diga que do outro lado estava uma mulher. Nós, mulheres, dispensamos este tipo de paternalismo.

Do outro lado estava um ministro, uma autoridade da República. Que merecia ser duramente questionada, mas respeitada.

Autoridades devem prestar contas de seus atos. É da regra da democracia a prática da accountability.

Mas não foi isso o que se viu e ouviu.

O senador José Agripino foi grosseiro, indelicado, agressivo. Desnecessariamente desrespeitoso.

Até porque, como tática política, sua intervenção foi coroada de fracasso. Colheu o contrário do que plantou. Fortaleceu a ministra, ajudou a erguer uma barreira de proteção a ela.

A resposta de Dilma Roussef, emocionada, nervosa, mas firme e corajosa, rendeu-lhe aplausos de governistas e oposicionistas.

Todos(as) aqueles(as) que me honram com sua participação neste blog sabem que a ministra Dilma não é santa do meu altar. Tenho severas observações a respeito de seu comportamento, de sua postura e, sobretudo, de sua tão propalada competência.

Mas não posso deixar passar em branco o que aconteceu hoje.

Como analista política, mulher e ex-militante da geração de 68, estou solidária com a ministra Dilma Roussef.


Do blog da cientista política Lucia Hippolito.




CHORORÔ RUBRONEGRO...



E ninguém cala esse chororô...




De maneira geral, me considero um analista frio do que ocorre no futebol. Mas na noite de quarta-feira, fui tomado por um irrefreável acesso de riso ao assistir pela televisão ao espancamento que o Clube da Comunidade da Praia do Pinto tomou do modestíssimo América do México no Maracanã. O time comandado pela última vez por Joel Santana, além do baile que levou de nossos hermanitos mexicanos, além de ser arrasado pelo adversário, foi inapelavelmente banido da Copa Libertadores de 2008, diante de estupefatos 50 mil de seus torcedores. A rigor, o já famoso Clube da Comunidade da Praia do Pinto não perdeu apenas de 3 a 0, como provocou um risível chororô por parte de seus jogadores, técnicos, dirigentes e adeptos.

Depois que o árbitro Alfredo Intriago, do Equador, encerrou a partida, provocando uma cena patética do microcéfalo goleiro Bruno (atacado por um chororô irresistível), fiquei preocupado com o que ocorreria no entorno do Maracanã. O que provocaria a eliminação insofismável da Copa Libertadores nos habituais machões da horda rubro-negra? Depredação de ônibus, trens, automóveis, lojas e casas comerciais nas proximidades do estádio? Habituais arrastões de incautos cidadãos que passavam pelas proximidades? Ou o que sempre ocorre – nas vitórias, empates e derrotas – assaltos, agressões e pilhagens entre os próprios torcedores do Clube da Comunidade? Felizmente eu estava posto em sossego em casa e só tive mesmo o tal ataque de riso.

Durante pelo menos seis meses, o Framengo, aliás Flamengo, sonhou com uma viagem a Tóquio, nas palavras de Márcio Braga e Kleber Leite, que humilharam seus adversários no Campeonato Carioca. E agora? Dizem, não estava lá, graças às minhas premonições, que o novo treinador do crube, aliás clube, o famosíssimo Caio Júnior, teve que ser amarrado na cadeira que ocupava numa das cabines de rádio, pois já estava a fim de dar no pé e deixar o Clube da Comunidade na mão. Caio Júnior, por isso, irritado, não pôde participar do chororô generalizado que tomou conta dos jogadores e dos jogadores após a partida. O vestiário do Framengo, aliás Flamengo, parecia um velório diante do caixão da Copa Libertadores, abatida a tiros.

Agora, depois da tragédia, quero ver o que vão dizer os integrantes da Fla-Prensa. Que desculpas vão dar para a surra que o Clube da Comunidade tomou? O órgão líder da Fla-Prensa – será que preciso identificá-lo? – colocou apenas uma notinha na primeira página, anunciando a catástrofe ocorrida em pleno Maracanã, onde o Framengo, aliás Flamengo, se achava imbatível diante de todos os escretes do mundo. Mas ninguém – a não ser os torcedores do crube, aliás clube – teve uma noite tão feliz e bem dormida. Os indomáveis da Gávea, que custam a Márcio Braga três milhões de reais mensais, agora vão suar para garantir seus salários pois a festa acabou.

Do alto de um edifício nas proximidades do Maracanã, um torcedor anônimo, munido de um megafone, cantava feliz:

"E ninguém cala...

esse chororó...

chora o Joel

chora Márcio Braga

e o torcedor"





Moral da história: Quem chora por último... chora, mais!!!!

Fonte: Blog do Roberto Porto.

http://portoroberto.blog.uol.com.br/index.html

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